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terça-feira, 11 de setembro de 2012

"Uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo."

Um sarau (do latim seranus, através do galego serao) é um evento cultural ou musical realizado geralmente em casa particular onde as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem artisticamente. Um sarau pode envolver dançapoesia, leitura de livrosmúsica acústica e também outras formas de arte como pintura e teatro. Evento bastante comum no século XIX que vem sendo redescoberto por seu caráter de inovação, descontração e satisfação. Consiste em uma reunião festiva que ocorre à tarde ou no início da noite, apresentando concertos musicais, serestas, cantos e apresentações solo, demonstrações, interpretações ou performances artísticas e literárias. Vem ganhando vulto por meio das promoções dos grêmios estudantis e escolas.
Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarau

Este post é meramente uma homenagem...

A poesia acima é do dito cujo.

Em 2010, conheci o Sarau do Binho, que acontecia num bar, na esquina de uma rua do Campo Limpo. Como disse Débora Marçal, do grupo de teatro As Capulanas, "uma encruzilhada feminina", porque terminada em "t". Ou seja, do ponto de vista místico-religioso, já seria uma esquina com uma concentração de energia forte. Sendo um bar, então, nem se fala... Exus, Zé Pilintras (e Pilantras), Pombas Giras e outras entidades noturnas, certamente, se encostavam em uma das mesas para ouvir, apreciar, refletir e rir (por que não?), das poesias, músicas, causos e outras manifestações de arte apresentadas pelos frequentadores do Sarau do Binho.
Para a vizinhança do entorno, aqueles deveriam ser um bando de loucos desocupados, como os eram para mim também. Pois é, o desconhecimento é a pior das armas, quero dizer, ter um conceito antes de conhecer, o preconceito. Moradora da Zona Oeste desde 2005, eu nunca havia ouvido falar deste Sarau. Morei três anos num local muito próximo do Sarau do Binho, mas não o conhecia. O mundo acadêmico não me deixava enxergar além disso, das citações, da competição, por vezes, não percebida, não consciente, em busca de um determinada (re)conhecimento; do dia a dia do trabalho certinho, acorda às 06h, trabalha até as 18h, etc. Não tinha tempo pra muita coisa, mas teria para ir ao Sarau do Binho se tivesse sabido dele antes. Gostaria de ter aproveitado casa segunda-feira com essa gente diferenciada.
Conheci um moço aí, bonito, naturalmente elegante, inteligente, meio maluco, meio sensível, meio viajante (em todos os sentidos, territoriais e mentais), que me apresentou o Sarau do Binho. Moço que hoje é meu companheiro de ideias, amores, loucuras e tremores.
Cheguei quieta com o olhar desconfiado. O Binho estava com metade da cabeça com barba e cabelo e a outra sem, toda raspada. Meio duas caras. Isso já me chamou a atenção e pensei: "que cara louco!". Depois fui confirmando que ele era louco mesmo, desses loucos de pedra que desafiam o sistema a partir de ações pontuais, aparentemente despretensiosas; ações voltadas à cultura, que desafio mais perigoso.
Em meio às apresentações no pequeno palco com fundo vermelho e amarelo, às cervejas, pastéis e panquecas, às risadas estridentes, os artistas iam se apresentando, mostrando suas ideias, suas poéticas, seus ideais, suas críticas. E as pessoas iam se educando. Se os universitários sentam numa mesa de bar para conversar com os professores após as aulas, o povo das periferias, mas precisamente do Sarau do Binho, sentava com o Binho e com seus escudeiros de Sarau: o poeta Luan Luando, o MC Zinho Trindade, a poeta Tula Pilar e seu filho pródigo Pedro, o poeta e educador Allan da Rosa... Ali conheci grandes artistas ainda não reconhecidos pelo mercado e sistema de arte. Não sei se não reconhecidos ou se há um receio, medinho das proposições dos mesmos. Assiti as Capulanas, As Clarianas, o Umoja, o Preto Soul, o Clariô, o Caruru, o Ualdo, enfim, vários artistas com algo de qualidade (por vezes, muita qualidade), para mostrar, para compartilhar. E era uma delícia ir para lá todas as segundas-feiras, desde que eu conheci o Sarau do Binho, quase uma obrigadação espiritual. Como disse Rafael Franja, menino esperto profissional: "era como uma religião", algo assim, como um culto, o nosso terreiro, a nossa igreja. Até nos meus dias de tristeza profunda, este Sarau me dava um alento. Já fui para lá com o coração estilhaçado... Engraçado que o Binho e a Suzi, a companheira de uma vida, de luta, são tão sensíveis que sempre perceberam sem falar muito, mas sempre com um sorriso, um abraço, um carinho na hora certa, coisa rara hoje em dia, carinho.
O Binho e a Suzi têm carinho e conhecimento para compartilhar com as pessoas, são sacerdotes da cultura humanista, a que forma pessoas sem esperar nada em troca a não ser seres humanos mais críticos, bem informados e sensiblizados uns com os outros.
Neste dia 03 de setembro aconteceu o último Sarau do Binho neste espaço, neste bar. Um Sarau onde cada um levou um alimento e uma bebida. 
Foi lindo, foi melancólico...
O Sarau do Binho continua em outros espaços como o do grupo de teatro Clariô. Acompanhe a agenda:

Há outros saraus na cidade de São Paulo, nenhum como o do Binho, claro. Entretanto, é necessário fortalece-los para que continuem com seus objetivos de propagar e democratizar a arte, e o melhor, o fazer arte. 
Na "Agenda da Periferia" há mais informações sobre cada um deles e as programações respectivas:
www.agendadaperiferia.org.br/

Não deu para fotografar todo mundo, mas com os retratos abaixo eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que conheci neste Sarau, que me fez melhor do que eu era.


Binho, das pessoas mais inteligentes, humildes e queridas que conheci nesta vida.  Idealizador do Sarau que leva seu nome.
Binho e Tula Pilar no palco. Esta poeta tem encantado a todos com suas poesias sinceras e ousadas, com sua postura ativa e altiva e com seu sorriso. Um dos presentes que ganhei frequentando o Sarau, se tornou mestra e amiga.
Outra poeta que tem demonstrado ser mais que dançarina e atriz, faz parte da Cia de Arte Negra, As Capulanas, e ainda tem tempo para compor sobre um erotismo e sexo que vai do doce ao amargo. 
Josiel, sempre breves saudações.
Douglas, um dos frequentadores.
João Claudio ou simplesmente J. Cineasta, poliglota, viajante e inteligentíssimo. Além de ser uma excelente companhia para uma cerveja.
Martinha, linda, atriz e cantora do Grupo Clariô de Teatro.
Tula Pilar.
Uma destas colegas que a gente comversa, conversa e nunca pergunta o nome, sabe? Sempre trocamos sorrisos e saudações.
Alisson da Paz, outra cineasta frequentador do Sarau do Binho.
Gil Marçal, coordenador do VAI e frequentador do Sarau.
Carla Lopes, produtora cultural, atriz e querida!
Manoel Trindade, quem me apresentou o Sarau do Binho e mais um monte de coisas. Percussionista e educador musical.
Daniela Embon, produtora e cineasta, ou trabalha com cinema. Meiga e feliz, assim que sempre vi a Dani por lá.
Allan da Rosa, educador, poeta, capoerista e uma das pessoas mais queridas que conheci por lá. Com a cabeça cheia de ideias e o coração repleto de afetos.
... poesia...
O Fábio Véio, da banda Preto Soul.
Serginho Poeta.
Moça que a gente conversa mais via Facebook, me esqueci do nome, mas não das conversas.
Caco, do coletivo de poetas Maloqueirista.
Este senhor sempre declama de forma inflamada, alma inflamada.
Ane Alves, simplesmente "darling".
Jeny e Day, queridas. Jenyffer Nascimento tem se mostrado uma grande poeta, além de dançarina nas horas vagas. 
Mara Esteves, pura simpatia e engajamento.
Augusto Cerqueira e sua amiga que conheci neste dia. As poesias dele são de quebrar tudo.
Pablo, sem esconder a tristeza com o fechamento do Sarau do Binho. Esconder para quem e para quê?
Renato Palmares, outros dos poetas.
O conheço por Índio, apenas isso. Com sorriso sempe iluminado.
Cineasta e falante Peu Pereira, sempre pronto para reflexão, para trocar ideias.
O poeta Paulo e a coordenadora de blibliotecas da SMC Rosa Falzoni: muito carinho!
Helena Silvestre, sempre na luta pelo povo!
Carol, conjunção de juventude, beleza e politização. Não se engane!
A irmã do Binho, não conversamos nada, ela é bem quieta, mas sei que ela é poeta.
Carlos Carlos, cinegrafista radical e necessário.
Baltazar, poeta MC da banda Preto Soul que surgiu no Sarau do Binho.
A Ísis, assim como eu, era uma frequentadora plateia, destas sempre atentas.
Guinão, idealizador da banda Preto Soul.
O MC e poeta Zinho Trindade.
Muitos sorrisos...
... muitos afetos...
... muitos cantos...
... resistência... Olha, nosso estandarte!
O querido Will Cavagnolli, fashion rocker!
...olhares... 
A Cris, a Suzi Soares (maravilhosa!) e o Pedro, grande poeta aos  16 anos...
Will e sua filha Ceci. 
" Eu que estou te filmando".
Dêssa Souza, da banda Preto Soul e Ceci. 
... poesia, mais um pouco...
Fino Du Rap. 

Michelle Correa, conheci enquanto ela ainda trabalhava no bar do Sarau do Binho. Ela estreou os cabelos ruivos no último dia de Sarau. Ficou mais linda ainda.
Adriano, poeta.
Thiago, que desenvolve um trabalho importante e necessário na Casa da Mulher.
Fernanda Mourão, maquiadora e menina-mulher.
Pow!!!
Nay Mahin, dançarina e linda, nas horas vagas.
Victor, contrabaixista e colega de festas, na atualidade.
Isso é gente bonita, não gente alta, magra e mal humorada.
Elaine Geissler, cantora e ruiva.
Nóis!
...Nóis...
...Nóis... E depois de Nóis...
...É Nóis de novo... Palavras de Luan Luando, poeta da trupe do Sarau do Binho.
 Ah, e gostaria de lembrar destes nomes, pessoas que vi e conheci no Sarau do Binho: Elizandra Souza, Guma Fotógrafo, Giva, Juliana Barros, Leandro Nascimento, Akins, Claudinho, Kátia Paixão, Vitória, Carolzinha Teixeira, Maria Pazzini, Naruna Costa, Naloana Costa, Fernanda Coimbra, Cristina Roseno, Flávia Rosa, Débora Marçal, Adriana Paixão, Alânia Cerqueira, Euller, Toninho Poeta, Marquinhos, Sidnei.